sábado, 28 de novembro de 2009

O homem que matei


Eu acordei muito cansado, parecia que tinha dormido pelo menos umas trinta horas, mas mesmo assim ainda estava cansado, não fisicamente, mas não agüentava nem me imaginar pensando naquele momento, foi quando decidi levantar, passar um café, ver se tinha algum recado na secretária eletrônica, lembrei que não tinha pago a conta de telefone. Então resolvi ligar o som , peguei um borrão e uma caneta e comecei a rabiscar, enquanto ouvia aquela batida trincada do afrobeat e aquela voz aveludada dos cantores de blues dos anos 50. Eu, sinceramente não conseguia entender que merda tinha acontecido na noite anterior, eu me via dentro de um cinema, mais ou menos cheio, com duas pessoas do meu lado direito que eu nunca tinha visto na vida, que vez ou outra comentavam comigo algum trecho do filme, e na fileira de trás um casal que eu também nunca tinha visto, e na metade do filme começa uma discussão, o rapaz fazia alguns comentários que não me agradavam, eu respondia com mais agressividade, enquanto a filha da puta da mulher dele continuava incentivando-o, até que a discussão passou do limite, e naquela confusão, eu via um velho amigo do meu lado, enquanto eu matava um homem. Sai da sala e começava a caminhar, e vinha na minha cabeça, que a qualquer momento meu celular tocaria, e seria algum familiar me ligando, dizendo que a polícia estava a minha procura, comecei a inventar algumas desculpas, talvez fosse melhor negar, já que naquele cinema não tinha câmera, eles não tinham como provar que tinha sido eu o autor do crime, a sala tava escura, o que mais me intrigava era que ninguém tinha parado de assistir o filme nem desviaram os olhos da tela, durante a confusão, nem depois. Comecei a ficar mais nervoso, suava, tremia e comecei a andar só, não via mais as pessoas que me seguiam, acendia um cigarro atrás do outro, resolvi parar para comer algo, mas não encontrava nada aberto, e acabei entrando em uma rua, onde só via os rostos de pessoas conhecidas que aos poucos iam sumindo, uma por uma, desaparecendo assim que eu chegava mais perto, então tentei me acalmar, olhava para as propagandas coladas nas paredes dos prédios, mas não conseguia entender uma letra, só via as imagens, mulheres peitudas em propagandas de cervejas, família feliz na frente de um prédio em construção, mas não conseguia entender uma letra do que estava escrito, então, tentei lembrar de frases que eu já tinha visto, mas elas também iam sumindo aos poucos, letra por letra, vírgula, ponto, interrogação... ainda tentei me lembrar de algumas datas, revolução francesa, independência do Brasil, segunda guerra mundial, meu aniversário... e em dez minutos eu não sabia mais falar, não sabia mais andar, não sabia mais pensar, e eu ficava ali parado, sem poder me mexer, sem poder falar, e as pessoas iam sumindo uma por uma, até aqueles dois rapazes do cinema estavam sumindo, foi quando do meu lado esquerdo apareceu àquela mulher da fileira de trás, ela ria de mim enquanto sumia, mas eu não conseguia ver o homem que matei, eu já não conseguia me lembrar da fisionomia dele, ela continuava sumindo aos poucos, se aproximou de mim, acariciou meu rosto, com aqueles olhos verdes, não era alta, nem gorda , tinha um rosto rosado, cabelo na altura dos ombros, foi quando ela estirou os braços em minha direção e antes de sumir colocou um anel na palma da minha mão, mas aquele anel era meu, eu ganhei de uma prima numa viagem que ela tinha feito, eu tentava me explicar, mas pouco adiantava, não saia uma palavra da minha boca, e antes de desaparecer de vez, falou que pertencia ao falecido marido dela, o homem que matei.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Volta e meia por aqui.

pensar

Ora, que merda. Essa semana, eu passei pelos mesmos lugares, freqüentei o mesmo café, lavanderia, padaria, tabacaria,supermercado e até aquela merda daquela clínica para tirar uma radiografia, onde tive que ir todo dia no mesmo horário e cada dia era um comentário novo “ olhe senhor, você tem que fazer exercício tal na hora tal, tomar o remédio y na hora x” e eu pensava o mesmo puta que pariu pra cada comentário. No final da última consulta ele tirou uma ficha amarela da gaveta e pediu para que eu respondesse, apenas, sim e não.

-Você nasceu aqui?

não.

-Bebe?

sim.

Fuma?

sim.

- Com Licença,doutor. posso ver essa ficha? pra agilizar.

sim.

sim.

sim.

sim.

Fumar menos, beber menos, trabalhar menos, beber mais água, descansar mais, caminhar mais, dormir mais.Tudo isso que eu já tinha ouvido nas outras vezes, o máximo que eu consegui foi entrar na natação. Dormir mais? dormir é perca de tempo, se eu durmo eu não penso, se eu não penso eu não vivo, eu preciso manter o ritmo e encontrar alguma coisa que me faça manter o ritmo. Enquanto as pessoas se preocupam demais com o que está errado, com quem está errando e se estão errando. Eu acho isso ótimo, elas se reprimem tanto, criticam tanto os outros e olha só como as coisas estão, tem gente jogando pedra de cima do viaduto e afundando a cabeça de outras lá embaixo, só pra ver o tamanho do buraco e o rosto de espanto das outras pessoas quando o sangue jorra. “aquilo” era uma vida, um ser humano. Pelo pouco que eu entendo o ser humano, não existe mais,pelo menos não o conceito e se o conceito sumiu a palavra perdeu significado, como tantas outras que são usadas só pra preencher o espaço em branco de uma folha de papel ou de uma conversa sem pé nem cabeça. Ah, agora vem os filósofos discutindo as leis de Tomás de Aquino, se o ser humano é ruim por natureza, se a lei divina existe, se a lei humana não corrompe a lei de Deus e existem homens com uma inclinação maior para o mal e que temos que ser protegidos desses homens, ai vem os historiadores dizendo que a história não se repete, os homens não são os mesmo. e eu fico a ponto de tocar fogo em tudo que li e me jogar dentro da fogueira pra ver se sumo de uma vez ou se só desse modo posso entender esse lugar que chamam de mundo e esses seres que me classificam como humano e que se chamam de homem. Amor? faz tempo que eu não vejo essa palavra escrita na primeira página de um jornal, nem aquele de vinte-e-cinco centavos, que eu fico tentando ler, enquanto o sinal está fechado, a última que eu li foi “ comeu e foi comido”. Apagão de novo, corrupção, aquecimento global, time caindo pra segunda divisão,CPI,corrupção de novo e de novo, meu café esfriando, preconceito, um monte de gente querendo chamar atenção, outros buscando a salvação e eu aqui olhando terminando de acabar com o que resta da minha coluna. Não existe constituição, existe um livro que vendem para um bando de retardado que acha que estudar direito é estudar pra passar em concurso público ou pra acender um e fazer a cabeça quando a seda acaba,não existe liberdade, quer dizer, até que existe quando você paga suas contas e não pergunta muito,só responde e de preferência,apenas, sim ou não.

terça-feira, 13 de outubro de 2009


Eu te digo qual é o problema, o problema é que você ainda é muito ligada a mim, e infelizmente, eu a você, problema é esse. E não me venha com a conversa que isso é só mais uma das mil invenções da minha cabeça entre tantas outras, e que isso foi no passado, que você mudou seus conceitos , a maneira de agir, se fosse verdade você não tinha tanta necessidade de me ter tão presente na sua vida, fazendo questão que eu saiba cada passo e querendo me mostrar como você está bem, porque eu sei que nunca vai ter a mesma intensidade onde tudo acontecia naturalmente, improviso, e no final a gente sabia até as palavras que iam sair da boca do outro. E assim eu desliguei o telefone, patético isso, quase duas da manhã e eu aqui no telefone, conversando com o passado que eu já tinha dado como esquecido à muito tempo, mas foi ai que eu errei, de novo. Talvez ela esteja certa em dizer que cansou de tanta insegurança, das minhas manias e vícios, cansou de esperar que eu tomasse jeito, cansou de acreditar. Mas eu nunca te prometi nada disso, nunca te disse que ia mudar, nunca te disse que ia ter jeito, muito pelo contrário eu sempre deixei tudo muito claro, e como te dar mais segurança? Se eu te dava o valor e o peso das minhas palavras, mas que pelo visto pouco importava, e se importava era pouco. Você me colocou em um lugar onde hoje tem muita gente, ou já foi de muita gente, e usa as mesmas palavras, as mesmas frases com todos eles, como pode? Isso é sentimento! E sentimento algum pode ser igual à outro, e se são diferentes trate de forma diferente, e nunca da mesma forma que você me tratava, o problema é esse, você se repete demais, e como eu sou egoísta e sei que não posso e nem vou ser tratado como um dia eu fui, eu sinceramente não quero. Prefiro perder de vez qualquer lugar que eu tinha em você.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Para mim


Faz tempo, muito tempo, parece que eu parei sem saber
Fiquei preso entre dois parágrafos de um livro que eu mesmo escrevi, ou pelo menos achava que tinha escrito. Dois meses ou mais,eu não sei. Eu não sei, já falei tanto isso que ás vezes perde o sentido, as pessoas mudam, ela se tocou, ela se tocou que eu sou assim, e pulou fora, como todas as outras que não conseguiram passar dos dois primeiros versos quanto mais completar uma estrofe, diziam que era instável demais, intenso demais, imbecil demais. Enquanto isso eu vou excluindo vírgula, letras, pontuação mas mesmo assim existem esses dois parágrafos, já rasguei a página, já joguei no lixeiro, mas eu me lembro cada palavra, cada verso que eu escrevi, cada passo, cada escolha, cada tempo, cada vida. Minhas escolhas sempre foram impulsivas, por mais que eu pensasse sobre o que seguir e por mais que tivesse certeza, eu sempre mudava de última hora, em todas, eu fechava os olhos e mergulhava e ria, como eu ria, principalmente quando eu acertava, ou quando eu via meu corpo se despedaçando, as pessoas mudando com a cabeça cheia de conceitos, de romance, moral, religião, mas eu só queria rir, do mundo, das pessoas, da vida. Mas talvez eu tenha perdido a essência, acho que não, posso ter mudado mas ela nunca desapareceu, posso me acabar entre dois cigarros, duas garrafas ou dois parágrafos mas a essência continua.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O dia em que morri.



O dia em que morri, não tinha nada de especial, o céu não brilhava, também não estava escuro, os ventos não estavam fortes, mas os galhos das árvores balançavam, os carros continuavam fazendo um barulho insuportável enquanto sentado no meu sofá eu me via morrendo, eu achava que ia ser rápido, como uma dose enorme de anfetaminas que iam me fazer implodir, como uma música rápida e suja mas, mais uma vez estava errado. Eu estava errado. foi lento. Lento como um triste blues, lento como os pensamentos das pessoas que andavam com pressa nas ruas, lento como eu nunca desejei que fosse, talvez, tenha durado meses ou anos, mas a cada dia meu vazio me consumia mais e mais. Essa semana eu passei por vários lugares, encontrei por ventura, pessoas que fizeram parte do meu passado porém preferi ignorá-las do meu presente, situação cômica, imbecil, mas cômica. Essa semana eu pensei como é imbecil chegar a certos pontos, tem gente que diz que não tinha necessidade disso tudo, que é falta de espiritualidade, excesso de ignorância, excesso de egoísmo, excesso de estupidez, ora, mas eu sei o que é necessário para mim, por mais desnecessário e ridículo que seja, e excesso de e estupidez? Ignorância? Talvez seja, mas creio que eles não são as melhores pessoas para me falarem sobre tal assunto, espiritualidade, Renato russo encontrou a dele, cazuza também, o mundo anda tão “espirituoso” que é só ligar a televisão no jornal que eu vejo como as pessoas estão “espirituosas”. Foda é ter que dormir, caralho como eu queria que meu corpo acompanhasse minha cabeça, eu sei, seria pior, mas eu queria ver como era, ficar ligado no duzentos e vinte, se bem que nem minha cabeça está conseguindo me acompanhar mais, nem eu mesmo consigo me acompanhar mais, pudera me entender. E aqui eu termino, morto, engasgado com meu próprio vômito, como meus ídolos, mas eles fizeram alguma coisa, conseguiram mudar uma geração e influenciar outras tantas ou pelo menos tentaram, mas, eu não consegui mudar nem o que eu achava que estava errado em mim, quanto mais o mundo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sofá

- Olha ,é o seguinte, Eu cansei!
E foi dessa forma que cheguei a esse ponto. Juro que não tinha bebido, fumado nem cheirado merda alguma. E assim, ela foi embora. Bateu a porta e chamou o elevador.
Sinceramente, talvez tenha sido o momento que eu fiquei mais tempo sentado no meu sofá sem conseguir pensar em nada, enquanto a televisão passava os mesmos filmes que passam todo ano, durante as madrugadas que passei em claro por causa da insônia, durante as madrugadas que passei acordado, vazio, acompanhado de uma garrafa de gim barato, cigarros, e um interminável conflito entre meus pensamentos, desejos e lembranças.
Depois desse dia, foi difícil me adaptar à minha rotina, nunca gostei de rotina, inferno maldito, nem dessa palavra eu gosto, mas já que cheguei aqui, não tenho mais vontade de jogar o que eu construir para o alto e nem idade para isso, mas também não me arrependo, apesar da rotina, faço o que quero, nem sempre, mas sempre faço. faltava o trabalho mais que ia. Foram oito meses, dividindo minha vida, entre meu sofá, bares, cama de hotéis barato, com mulheres que eu nunca vi na vida e nem voltarei a ver. Foram oito meses, sentindo o gosto amargo da fumaça, bebida e de bocas mal amadas, que buscavam em mim, algum sentimento que as pudessem completá-las, e eu um calor que eu sabia que não ia encontrar, e acabava me contentando apenas com o prazer. Depois de oito meses, eu não digo que fiquei bem, mas acabei me acostumando, com as caras conhecidas no centro da cidade, com o café forte dos bares de beira de estrada, de acordar em um lugar estranho ao lado de uma pessoa que eu não fazia a menor idéia de quem seria, mas com o tempo cansei, e como toda rotina, acabou ficando insuportável, e aos poucos os velhos rostos que faziam parte do meu antigo cotidiano voltaram a aparecer, distorcidos, mas voltaram.

sábado, 30 de maio de 2009

Mais nada...



È eu tinha parado. Parado não, mas diminuído, tava tentando entender tantas coisas que eu achava saber, e achava que já tinha as fórmulas certas, e todas as vezes que usei deram certo. Engano, puro engano. Eu nunca soube de nada, e minhas fórmulas estão todas erradas, meus gestos estão errados, eu estou completamente errado.
Eu que sempre repreendi egoísmo, ignorância, estupidez, me encaixo perfeitamente nessas características. Sempre rindo quando saia de uma situação, com um jogo de palavras e pensamentos rápidos, onde acertaria todos os movimentos e repostas de uma outra pessoa.
Isso me fazia sentir a melhor pessoa do mundo, fazer com que uma pessoa faça exatamente os mesmos movimentos os quais planejei. Induzi-la a falar as palavras certas á mim. Aí, exatamente nesse ponto que eu começo errando, uns justificam como uma defesa, para não me machucar, já que o mundo está um inferno e as pessoas quando o assunto é amor, não valem merda nenhuma. Mas dessa forma, eu estarei sendo tão egoísta quanto a pessoa que queria me prejudicar, tão imbecil quanto ela e pior ainda me sentir feliz por ter conseguido que ela ficasse mal com o mesmo joguinho com qual ela tinha planejado para mim. Há tempos, não lembro desde quando deixei de usar meu personagem principal e não a soma de personagens criados por mim e pelo mundo, muitos deles morreram com o tempo ou se juntaram á outros. Talvez, eu tenha morrido com eles e não percebi ou me perdido no meio de tantos também criados por mim. E não uso mais a desculpa de que amadureci, que ganhei experiências, eu não queria ter morrido e ter me tornado mais um. Eu não queria.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eu mesmo nunca sei.



Foi assim que começou, com um sonho, achei extremamente normal que as lembranças chegassem com o tempo, afinal foi intenso. Com o tempo essas lembranças enchiam minha cabeça de perguntas, de vontade, de desejos antes esquecidos, antes ignorados até com um certo repúdio. Comecei a acreditar que seria apenas uma fase, ora, tanto tempo vivendo das mesmas coisas que seria até estranho, não lembrar de nada, principalmente da maneira com a qual esse capítulo terminou ou talvez não tenha terminado, talvez o escritor tivesse dando o tempo bem prolongado, afim de pensar, viver e arriscar, tão prolongado esse tempo que talvez tenha perdido a vontade de escrever sobre aquela estória, sobre aquele menino e seus intermináveis sonhos e desejos, e que se sentia tão feliz de ter alguém pra compartilhar de tudo que ele pensava, de tudo que vivia e desejava, mesmo que aquilo fosse apenas um personagem inventado por ela, que foi inventado com a finalidade de tentar acompanhar aquele menino cheio de vontades, por mais falso que fosse, ele amava e pouco importava se era falso ou não. E se eu dissesse que sempre que arrisquei, errei. Lembra? E que no final nunca soube de nada, onde meus livros não me ajudaram. Quando achei que encontraria uma fonte mais intensa, errei. Como todas outras escolhas que pensei demais para escolher, que procurei demais o que eu já tinha encontrado e joguei tudo de cima de um penhasco para ver como ia ficar sem aquelas lembranças, sem aquele capítulo, sem aquela pessoa. E hoje eu sei que o tempo destrói tudo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

mesmo sendo o que você não apresentaria...


Pois é, senhoras e senhores, essa semana escutei várias vezes no trabalho, na rua, no bar, a mesma frase, das mesmas pessoas idiotas. eu sei que nesse inferno de cidade me perco na multidão e espero a porra do dia acabar quando não agüento nem tenho mais paciência pra escutar vozes, nem olhar as pessoas. Já perdi a conta de quantas vezes perdi meus olhos, de quantas vezes fui engolido por esse mundo e das vezes que ele me cuspiu de volta.
Acho que eu nunca me importei de verdade com o que as pessoas acham de mim, é até engraçado, tem coisas que não se escolhe é assim e pronto, não tem o que pensar, achar se é certo ou errado, se eu vou morrer ou não. talvez seja um defeito, mais um entre tantos outros que já tenho, mas é o que mais gosto. Jogar tudo de uma vez em um ventilador enorme e vê o que vai acontecer, é intenso pra caralho. Eu sempre tenho medo de me arrepender depois, uma coisa que eu queria superar era o arrependimento, uma das piores sensações, você fica na merda, mas enquanto isso ou jogando mais folhas, me arrependendo das coisas que fiz e das que não fiz, me arrependendo cada vez mais das pessoas que eu conheci e de outras que esqueci. Mas o mundo é assim, e infelizmente a vida vai seguindo o mesmo caminho, e eu vou fazendo o meu, queira ela ou não.

sábado, 4 de abril de 2009

nunca importou...


O apartamento fica mais tempo fechado e vazio que qualquer outro imóvel da cidade, quando não estou no trabalho, estou em um bar, ou na casa de amigos, no começo gostava de passar a maior parte do meu tempo só, mas acho que acabei pegando abuso de ficar só comigo, de ouvir minha voz irritante, de me olhar no espelho, acho que é por isso que não consigo manter ninguém junto à mim por muito tempo, acho que foi por isso que me mudei, aqui as pessoas tão muito ocupadas para ficarem pensando na vida dos outros. Mas depois de três cigarros eu ignoro, e não consigo mais pensar.
Eu não sei até onde eu sou personagem ou eu mesmo, eu não sei até que ponto
Sou os livros que eu leio, os filmes que eu vejo, as músicas que escuto.Agora mesmo, eu não sei se sou eu quem narro minha própria estória ou só mais um entre os tantos personagens aos quais estou preso, mas pouco me importa , pouco me importa. Tenho me sentido feliz pra caralho nesses últimos dias, saindo com pessoas que me fazem ver como eu era a cinco anos atrás, muito idiota por sinal, mas muito especial para mim.
Voltei a tocar, voltei a escrever, voltei a nadar, consegui me suportar de novo, voltei a rir das idiotices do mundo, me preocupar menos, acho que voltei a viver, sem nenhum exagero, hipocrisia ou essas tantas outras merdas que deixam as pessoas tão insuportáveis. È incrível o quanto eu me controlei e reprimi para não me igualar a elas, e estava seguindo o mesmo caminho.

Porra, que bom, que eu continuo o mesmo idiota, com as mesmas idéias, as mesmas crenças, os mesmos rabiscos no corpo, com algumas fiapos de barba no rosto, mas o mesmo idiota que eu sempre fui. Espero de verdade, daqui a trinta anos olhar para essas palavras e ver que são as mesmas que saem da minha boca.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Permaneço aqui, estático.



Começou de novo, estou entediado com tudo que faço, uns me dizem , vai beber que tu voltas com outro ânimo, mas isso eu faço todo dia. Outros me mandaram ir a igreja, só se for para acabar com o que resta do meu humor. Cheguei à precipitada conclusão que precisava ver caras novas e respirar novos ares, mas em seguida cheguei à outra, que na verdade é tudo a mesma merda, putas que se fazem de santa, idiotas que pagam de intelectuais, e entre tantas outras coisas hipócritas que somos obrigados a ver e conviver.
Por esses dias andei pensando, passamos a vida toda com milhares de objetivos para conquistar, tentando vencer um por um ,abrindo mão de outras tantas coisas que deixamos de fazer por ter enfiado na cabeça que era preciso concluir a tal tarefa, pronto. E agora que você conseguiu tudo que queria, aquele apartamento no bairro mais nobre da cidade, três carros importados, uma casa na praia e dois filhos babando na frente de uma televisão de plasma de quarenta e tantas polegadas,vai fazer o que agora?
Você não é mais aquela pessoa que freqüentava lugares nas horas mais perigosas, pouco se importava com o que as pessoas diziam ou pensavam, e nem se metia na vida dos outros, mas hoje, não sae de casa mais a noite com medo de ser assaltado, perdeu contato com seus amigos, seus filhos coitados, não saem de casa sem a companhia de dois seguranças, suas tatuagens e seus ideais foram todos apagados e agora não passam de pedaços de papéis coloridos, quando você não tinha todos esses objetos era mais livre, e essa liberdade que você trabalhou tanto para conquistar, quando me falava que só seria livre, quando tivesse tudo isso que hoje você possui, mas porra será mesmo que é você que possui toda essa merda a qual chama de fortuna? Ou será que são elas que te possuem? Enfim, mas quem sou eu para falar sobre isso, não é verdade? Trancado em um quarto pensando quando vou começar a ter ambição e imaginando uma pessoa que ainda não conheço, realmente, quem sou eu para falar sobre tudo isso?Se eu sou só mais um que não conseguiu largar todas essas merdas e viver livre.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Os mesmos dias



Ótimo, sexta-feira, depois de oito horas enfurnado nesse maldito escritório, vou poder me sentir vivo de novo, isso é um hábito que eu tenho desde a minha adolescência,viver só para o fim de semana, adolescência bastante prolongada é verdade, mas pra mim vale muito a pena manter comigo, as raízes, os ideais por mais ridículos que sejam, mas são meus, sou eu. Já que no meu cotidiano eu me sinto um robô, fazendo as mesmas tarefas só muda o rosto, mas as estórias das causas quase todas tem o mesmo desfecho, o que deixa cada vez mais insuportável trabalhar com pessoas. Mas mesmo assim gosto, ou não,apenas finjo gostar, tem gente que troca a vida por essas notas coloridas, eu troco apenas o meu trabalho, pois querendo ou não eu preciso delas. Uma vez eu li em um livro que sorriso mas sincero era o de uma prostituta pelo menos elas riem pelo seu dinheiro e não fazem questão alguma em negar isso, concordei em partes. De qualquer forma, cá estou brincando com o isqueiro, esperando dar a hora para sair da gaiola, olhando para as expressões de tensão no rosto das outras pessoas, como são engraçadas, mais engraçado ainda é saber que eu estou entre elas, acabei mudando muito em relação as coisas que eu pensava para mim em relação ao futuro, nunca me imaginei nesse ambiente, nem no meu pior pesadelo, aqueles que você acorda suando frio e tal. Pois bem, hoje escutei um desabafo da menina que trabalha na sala ao lado, meia hora ouvindo aquela voz irritante, me controlei para não apagar o cigarro na boca dela, e realmente o problema era muito importante, tão quanto uma missa no dia de domingo. O que eu achei mais interessante foi o fato dela ter vindo falar comigo, logo eu que nem bom dia dou quando chego ao trabalho e acho que nunca falei com ela, se falei, estava altamente embriagado, sabe aquelas pessoas com o cabelo cheio de formol, maquiagem pesada, cheia de cirurgias plásticas e uma lente de contato azul ? acho que quando ela vai dormir só fica a cabeça dela. Mas enfim, já deu minha hora, tenho que sair logo antes que algum idiota venha me encher o saco. Assim começa meu fim de semana e deve acabar por lá também, em um balcão de algum bar bem sujo com pessoas me olhando e uma garrafa por terminar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Tolice


Sinceramente, eu não sei mais que merda eu sou. Certo, sempre odiei essa estória e conversa sobre definição de personalidade, qual seria o grupo que me encaixo entre outras idiotices que as pessoas costumam se preocupar e ocupar a cabeça, mas essa semana eu tenho pensado nisso freqüentemente e como já não bastassem a maldita insônia e as preocupações desse meu maldito trabalho, me aparece mais essa. O fato é que nunca me preocupei se me classificavam como pessoas “boas”,odeio todas elas, e na verdade de boas não tem nada , são tão boas que não enxergam um palmo a frente desse nariz enorme e afilado depois de dezenas de cirurgias plásticas, mas quem sou para falar de bondade não é verdade?não vou a igreja todo domingo, nem dia algum, não pago dízimo, pouco me importa se usar álcool e fazer sexo desagradam à igreja, e to pouco me arrombando para saber de que horas vai ser o sermão do chefão dos virgens, aquele merda não paga minhas contas mesmo, mas ao menos sou sincero, se me perguntassem qual seria o centro do mundo, acho que no auge dos meus vinte e cinco anos a coisa que eu daria mais atenção seria eu.Porra, eu realmente não sei mentir, nunca dei a menor importância pra mim mas sim para o que pessoas que eu gosto pensam de mim, pelo menos as que fizeram de tudo para que eu chegasse em algum lugar. Eu sei que esses sim, sempre se importaram comigo, educação, saúde e outras entre tantas coisas, por isso serei eternamente grato a eles. Pois bem, acho que sempre fui uma farsa, com vergonha de mim mesmo, e por isso nunca me preocupei em pensar que merda é essa que eu realmente sou, não os livros que eu leio, nem o cinema que eu vejo ou esse bombardeio de informações que todos nós sofremos todos os dias, mas que diabos seria eu, um alienado? Mas alienado de quê? E quem disse se eu ou você somos ou não alienados? Se estou dentro ou fora da lei? E que merda de lei é essa? E quem foi o filho da puta que criou? Porque ele criou e não eu? Depois de tudo isso, ainda não descobri que espécie de altista eu sou ou seria se não tivesse entrado nesse jogo, será que felicidade e tristeza ainda teriam o mesmo significado?. È de tanto pensar nessas merdas que quase não durmo, mas pra ser sincero, odeio perder meu tempo deitado em uma cama, isso é para sonhadores, e eu não tenho tempo para eles, nem para sonhos, preciso de alguma coisa que me mantenha ligado, só assim vou ter tempo para me conhecer melhor, e tentar responder essas e tantas outras perguntas, sem respostas, pelo menos pra mim são, pois até agora não fiquei satisfeito com as respostas que me deram.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Antes que eu me esqueça


Acabei gostando da cidade, menos do trânsito, pois consegue acabar com o humor de qualquer pessoa e odeio ficar mais de uma hora preso em um engarrafamento desgraçado. Sou impaciente, mais um adjetivo negativo é essa minha falta de paciência, porém, me adaptei. Apesar de adorar o campo e ter passado a maior parte da minha vida nele, sinto falta das pessoas, da minha família que tanto amo, certamente é o que tenho de mais precioso, e é por esse amor que eu tenho a eles que não posso decepcioná-los, tanto investimento e dor de cabeça, que terminei precisando de um cargo alto, em uma função importante, com um diploma de um curso famoso em uma faculdade famosa. Eles nunca fizeram pressão, mas eu sabia que era isso que queriam ver. Podia até ser o que eu não queria para mim , mas é o que eles queriam, então aprendi a querer também. Com o tempo fui conhecendo novas caras, mas nenhuma tão marcante quanto ela, fiz amigos, pelos menos os classifico dessa forma. O mundo é realmente muito pequeno, acabei encontrando um conhecido de recife com o qual não falava fazia muito tempo, acabamos trocando telefone e toda sexta íamos à Augusta jogar conversa fora e tomar uns drinks no blues.
Certa vez., esse amigo me perguntou , porque eu montava tantas bandas e nenhuma dava certa. Passei muito tempo rindo. Então, perguntei o que era “dar certo”, para ele. Acabei ouvindo as palavras as quais imaginei que sairiam da boca dele “tocar em lugares grandes, com um público grande, em lugares bonitos para pessoas bonitas”. Ri ainda mais, com a reposta. Minhas bandas, não foram montadas para “o sucesso”, e muito menos tocar em lugares badalados. Foi uma forma que eu encontrei de descarregar minhas idéias. Pessoas pintam quadros, desenham, escrevem poemas, artes desse tipo, eu faço música, pelo menos para mim é música, ou antimúsica em certos projetos, mas essa foi à forma que eu tinha encontrado para falar o que penso e jogar em cima de notas que eu consigo tocar. Nunca montei banda na intenção de fazer sucesso, até por que a linha de som que eu gosto e faço na maioria das bandas em que toco não é vendável, faço porque gosto, porque me sinto bem e me divirto muito, foi uma forma que eu achei de estancar os milhares de cortes que eu tenho.

domingo, 15 de março de 2009

Assim começo

a
Eu realmente não gosto disso, mas as drogas entraram na minha vida e hoje fazem parte dela, como se já fossem partes de mim, não me orgulho disso que eu me tornei, realmente não me orgulho, se as pessoas me admiram, não pedi e nem busquei esse maldito status e seus fiéis escudeiros, dinheiro e idiotas que sempre almejando o meu lugar como não conseguem, continuam agindo como vermes. Eu precisava de um cano de escape, se não ia estourar ,mas estourar, por quê?se nunca fiz nada por mim, sempre fizeram, a coisas as quais eu fiz foram pedidos, vontades dos outros, não a minha, não pensei por mim pra chegar até aqui, sempre ouvindo aqueles que me guiavam, sei, não fizeram por mal, mas eu não quis, e agora estou aqui com uma dose grande de ácido na minha cabeça e uma quantidade considerada álcool na minha corrente sanguínea, em meu primeiro apartamento com uma televisão que não sintoniza e copos sujos na pia, se me acharem a tempo ainda podem me salvar, mas não vão achar e não quero que achem.
Ela sempre foi a minha primeira lembrança de São Paulo, talvez por ter sido a primeira pessoa que me chamou atenção. Quando cheguei de recife, naquela sexta-feira chuvosa, desci ao aeroporto e lá estava, sentada em um banco na área dos fumantes com seus vários amigos estranhos, nunca me acostumei com aquelas pessoas, nunca. Eu tinha decidido parar de fumar, acho que foi a última vez e a única que tinha colocado essa idéia idiota na minha cabeça, havia duas semanas. Parar de fumar... ora veja, a fumaça faz me sentir vivo há tanto tempo aquele cheiro realmente faz parte de mim, e a forma com a qual ela se dissipa no ar era o meu estado de espírito naquele momento, e foi minha companhia durante as madrugadas em claro. Pois bem, não tardou e lá estava eu, era vergonhosa aquela situação, quase vinte anos na cara, puxando uma mala enorme com uma viola pesada nas costas e mendigando um cigarro, como eu era ridículo, se não piorei, acredito que foi a única coisa que consegui mudar sozinho, mas foi engraçada a forma como eles me olhavam, ela não resistiu e riu. Agradeci, e continue meu caminho para minha nova vida em uma cidade desconhecida com pessoas desconhecidas e ruas que me faziam sentir falta da minha Recife,olhei para trás, ela ainda me olhava, mas preferi continuar andando atrás de um táxi que me levaria para minha nova casa, pois até então não conhecia, mas era mesma onde passaria meus últimos momentos. Assim começo minha nova vida e talvez a última entre tantas outras que vivi.

sábado, 14 de março de 2009

Repetição, insignificante.


Maldito Deja vú.
ultimamente tenho tido todos os dias
junto com a insônia, esta que é responsável por meu péssimo humor, e minha aparência decadente nesses últimos dias, hoje andando pela augusta encontrei Marcela, depois de 5 anos, ambos agora com vinte e cinco, ela se formou, arrumou um trampo legal,cresceu na vida, agora é uma empresária de sucesso, segundo ela. mas em seguida abaixou a cabeça. Falei o mesmo,mas no final soltei um sorriso falso e amarelo, assim como eu , ela parecia não está feliz com os meios conquistados e os caminhos traçados, e se estava, sempre si perguntava, se tinha sido válido passar por cima de tanta gente pra chegar ali. Respondi que sim, pois elas fariam o mesmo para chegar ali, mas ai me perguntou, se era válido se igualar àquelas pessoas, e até hoje não consegui responder essa pergunta, sempre tenho mais de uma resposta. Fato é que preciso dormir, acordei hoje, em um café, sentado ao balcão, com duas xícaras cheias ao meu lado, e nada de marcela.

Essas luzes fortes já não me incomodam mais, quer dizer incomodam sim, e muito, por sinal. Merda, mais uma noite fora de casa, acordei com aquele cheiro insuportável de água sanitária no balcão do café, ás cinco horas da manhã, e uma garçonete sem dente me entregando a conta, não me lembro de ter pedido essas doses de uísque nem duas xícaras de café, me lembrava apenas de Marcela.
De qualquer forma paguei a conta, perguntei há quanto tempo eu estava no balcão, ganhei um fora, mas uma senhora que limpava o chão respondeu com um durante a madrugada, levantei e fui ao banheiro, aparência péssima, a insônia me destruindo pouco a pouco, olhos inchados, cara amassada, terno sujo de vários dias, lavei o rosto, voltei ao balcão, pedi um café, acendi um cigarro, olhei que dia era hoje em calendário velho, lembrei que tinha trabalho, e tinha que estar lá ,as sete para uma maldita reunião com pessoas insuportáveis, só de ouvir eles falando, conto os minutos para ver aquelas bocas fechadas novamente.
E aqui vou eu, de táxi pois perdi a habilitação, cheiro desgraçado de cigarro e bebida barata, só outro porre pra agüentar quatro horas naquela sala, outro porre ,mas ainda é terça feira.
andei pensando no que me tornei, para as pessoas eu cresci, tenho tudo que quero, segundo elas, e sempre sobra grana no fim do mês, isso tudo muito cedo, pois ainda tenho vinte e cinco anos dizem eles, não sei do que me adiantou aprender tanta lei, tantas estórias, tantas noites viradas por causa do trabalho, se isso não me trouxe nada além desse papel verde e um posto alto em uma empresa que todo dia sempre tem um puxa-saco que quer me tirar de lá, eu que sempre tive e defendi minha liberdade quando mais jovem, estou eu aqui sem ela. Daquela época, em recife só me restam esses cigarros, o cheiro e a fumaça me lembra quando andava pelas ruas com meus amigos, não tinha hora para parar, nem para voltar, a graça era essa, hoje estou aqui em uma região que não gosto, pessoas que não gosto , com uma carga-horária desgraçada para ser comprida, horário para entrar e sair, horário pra dormir, horário pra tudo, inferno aqui estou eu e meu cigarro, a fumaça faz me sentir vivo de novo, naquela época eu não falava tantos “ eu “ nem “ meus”.