segunda-feira, 23 de março de 2009

Permaneço aqui, estático.



Começou de novo, estou entediado com tudo que faço, uns me dizem , vai beber que tu voltas com outro ânimo, mas isso eu faço todo dia. Outros me mandaram ir a igreja, só se for para acabar com o que resta do meu humor. Cheguei à precipitada conclusão que precisava ver caras novas e respirar novos ares, mas em seguida cheguei à outra, que na verdade é tudo a mesma merda, putas que se fazem de santa, idiotas que pagam de intelectuais, e entre tantas outras coisas hipócritas que somos obrigados a ver e conviver.
Por esses dias andei pensando, passamos a vida toda com milhares de objetivos para conquistar, tentando vencer um por um ,abrindo mão de outras tantas coisas que deixamos de fazer por ter enfiado na cabeça que era preciso concluir a tal tarefa, pronto. E agora que você conseguiu tudo que queria, aquele apartamento no bairro mais nobre da cidade, três carros importados, uma casa na praia e dois filhos babando na frente de uma televisão de plasma de quarenta e tantas polegadas,vai fazer o que agora?
Você não é mais aquela pessoa que freqüentava lugares nas horas mais perigosas, pouco se importava com o que as pessoas diziam ou pensavam, e nem se metia na vida dos outros, mas hoje, não sae de casa mais a noite com medo de ser assaltado, perdeu contato com seus amigos, seus filhos coitados, não saem de casa sem a companhia de dois seguranças, suas tatuagens e seus ideais foram todos apagados e agora não passam de pedaços de papéis coloridos, quando você não tinha todos esses objetos era mais livre, e essa liberdade que você trabalhou tanto para conquistar, quando me falava que só seria livre, quando tivesse tudo isso que hoje você possui, mas porra será mesmo que é você que possui toda essa merda a qual chama de fortuna? Ou será que são elas que te possuem? Enfim, mas quem sou eu para falar sobre isso, não é verdade? Trancado em um quarto pensando quando vou começar a ter ambição e imaginando uma pessoa que ainda não conheço, realmente, quem sou eu para falar sobre tudo isso?Se eu sou só mais um que não conseguiu largar todas essas merdas e viver livre.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Os mesmos dias



Ótimo, sexta-feira, depois de oito horas enfurnado nesse maldito escritório, vou poder me sentir vivo de novo, isso é um hábito que eu tenho desde a minha adolescência,viver só para o fim de semana, adolescência bastante prolongada é verdade, mas pra mim vale muito a pena manter comigo, as raízes, os ideais por mais ridículos que sejam, mas são meus, sou eu. Já que no meu cotidiano eu me sinto um robô, fazendo as mesmas tarefas só muda o rosto, mas as estórias das causas quase todas tem o mesmo desfecho, o que deixa cada vez mais insuportável trabalhar com pessoas. Mas mesmo assim gosto, ou não,apenas finjo gostar, tem gente que troca a vida por essas notas coloridas, eu troco apenas o meu trabalho, pois querendo ou não eu preciso delas. Uma vez eu li em um livro que sorriso mas sincero era o de uma prostituta pelo menos elas riem pelo seu dinheiro e não fazem questão alguma em negar isso, concordei em partes. De qualquer forma, cá estou brincando com o isqueiro, esperando dar a hora para sair da gaiola, olhando para as expressões de tensão no rosto das outras pessoas, como são engraçadas, mais engraçado ainda é saber que eu estou entre elas, acabei mudando muito em relação as coisas que eu pensava para mim em relação ao futuro, nunca me imaginei nesse ambiente, nem no meu pior pesadelo, aqueles que você acorda suando frio e tal. Pois bem, hoje escutei um desabafo da menina que trabalha na sala ao lado, meia hora ouvindo aquela voz irritante, me controlei para não apagar o cigarro na boca dela, e realmente o problema era muito importante, tão quanto uma missa no dia de domingo. O que eu achei mais interessante foi o fato dela ter vindo falar comigo, logo eu que nem bom dia dou quando chego ao trabalho e acho que nunca falei com ela, se falei, estava altamente embriagado, sabe aquelas pessoas com o cabelo cheio de formol, maquiagem pesada, cheia de cirurgias plásticas e uma lente de contato azul ? acho que quando ela vai dormir só fica a cabeça dela. Mas enfim, já deu minha hora, tenho que sair logo antes que algum idiota venha me encher o saco. Assim começa meu fim de semana e deve acabar por lá também, em um balcão de algum bar bem sujo com pessoas me olhando e uma garrafa por terminar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Tolice


Sinceramente, eu não sei mais que merda eu sou. Certo, sempre odiei essa estória e conversa sobre definição de personalidade, qual seria o grupo que me encaixo entre outras idiotices que as pessoas costumam se preocupar e ocupar a cabeça, mas essa semana eu tenho pensado nisso freqüentemente e como já não bastassem a maldita insônia e as preocupações desse meu maldito trabalho, me aparece mais essa. O fato é que nunca me preocupei se me classificavam como pessoas “boas”,odeio todas elas, e na verdade de boas não tem nada , são tão boas que não enxergam um palmo a frente desse nariz enorme e afilado depois de dezenas de cirurgias plásticas, mas quem sou para falar de bondade não é verdade?não vou a igreja todo domingo, nem dia algum, não pago dízimo, pouco me importa se usar álcool e fazer sexo desagradam à igreja, e to pouco me arrombando para saber de que horas vai ser o sermão do chefão dos virgens, aquele merda não paga minhas contas mesmo, mas ao menos sou sincero, se me perguntassem qual seria o centro do mundo, acho que no auge dos meus vinte e cinco anos a coisa que eu daria mais atenção seria eu.Porra, eu realmente não sei mentir, nunca dei a menor importância pra mim mas sim para o que pessoas que eu gosto pensam de mim, pelo menos as que fizeram de tudo para que eu chegasse em algum lugar. Eu sei que esses sim, sempre se importaram comigo, educação, saúde e outras entre tantas coisas, por isso serei eternamente grato a eles. Pois bem, acho que sempre fui uma farsa, com vergonha de mim mesmo, e por isso nunca me preocupei em pensar que merda é essa que eu realmente sou, não os livros que eu leio, nem o cinema que eu vejo ou esse bombardeio de informações que todos nós sofremos todos os dias, mas que diabos seria eu, um alienado? Mas alienado de quê? E quem disse se eu ou você somos ou não alienados? Se estou dentro ou fora da lei? E que merda de lei é essa? E quem foi o filho da puta que criou? Porque ele criou e não eu? Depois de tudo isso, ainda não descobri que espécie de altista eu sou ou seria se não tivesse entrado nesse jogo, será que felicidade e tristeza ainda teriam o mesmo significado?. È de tanto pensar nessas merdas que quase não durmo, mas pra ser sincero, odeio perder meu tempo deitado em uma cama, isso é para sonhadores, e eu não tenho tempo para eles, nem para sonhos, preciso de alguma coisa que me mantenha ligado, só assim vou ter tempo para me conhecer melhor, e tentar responder essas e tantas outras perguntas, sem respostas, pelo menos pra mim são, pois até agora não fiquei satisfeito com as respostas que me deram.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Antes que eu me esqueça


Acabei gostando da cidade, menos do trânsito, pois consegue acabar com o humor de qualquer pessoa e odeio ficar mais de uma hora preso em um engarrafamento desgraçado. Sou impaciente, mais um adjetivo negativo é essa minha falta de paciência, porém, me adaptei. Apesar de adorar o campo e ter passado a maior parte da minha vida nele, sinto falta das pessoas, da minha família que tanto amo, certamente é o que tenho de mais precioso, e é por esse amor que eu tenho a eles que não posso decepcioná-los, tanto investimento e dor de cabeça, que terminei precisando de um cargo alto, em uma função importante, com um diploma de um curso famoso em uma faculdade famosa. Eles nunca fizeram pressão, mas eu sabia que era isso que queriam ver. Podia até ser o que eu não queria para mim , mas é o que eles queriam, então aprendi a querer também. Com o tempo fui conhecendo novas caras, mas nenhuma tão marcante quanto ela, fiz amigos, pelos menos os classifico dessa forma. O mundo é realmente muito pequeno, acabei encontrando um conhecido de recife com o qual não falava fazia muito tempo, acabamos trocando telefone e toda sexta íamos à Augusta jogar conversa fora e tomar uns drinks no blues.
Certa vez., esse amigo me perguntou , porque eu montava tantas bandas e nenhuma dava certa. Passei muito tempo rindo. Então, perguntei o que era “dar certo”, para ele. Acabei ouvindo as palavras as quais imaginei que sairiam da boca dele “tocar em lugares grandes, com um público grande, em lugares bonitos para pessoas bonitas”. Ri ainda mais, com a reposta. Minhas bandas, não foram montadas para “o sucesso”, e muito menos tocar em lugares badalados. Foi uma forma que eu encontrei de descarregar minhas idéias. Pessoas pintam quadros, desenham, escrevem poemas, artes desse tipo, eu faço música, pelo menos para mim é música, ou antimúsica em certos projetos, mas essa foi à forma que eu tinha encontrado para falar o que penso e jogar em cima de notas que eu consigo tocar. Nunca montei banda na intenção de fazer sucesso, até por que a linha de som que eu gosto e faço na maioria das bandas em que toco não é vendável, faço porque gosto, porque me sinto bem e me divirto muito, foi uma forma que eu achei de estancar os milhares de cortes que eu tenho.

domingo, 15 de março de 2009

Assim começo

a
Eu realmente não gosto disso, mas as drogas entraram na minha vida e hoje fazem parte dela, como se já fossem partes de mim, não me orgulho disso que eu me tornei, realmente não me orgulho, se as pessoas me admiram, não pedi e nem busquei esse maldito status e seus fiéis escudeiros, dinheiro e idiotas que sempre almejando o meu lugar como não conseguem, continuam agindo como vermes. Eu precisava de um cano de escape, se não ia estourar ,mas estourar, por quê?se nunca fiz nada por mim, sempre fizeram, a coisas as quais eu fiz foram pedidos, vontades dos outros, não a minha, não pensei por mim pra chegar até aqui, sempre ouvindo aqueles que me guiavam, sei, não fizeram por mal, mas eu não quis, e agora estou aqui com uma dose grande de ácido na minha cabeça e uma quantidade considerada álcool na minha corrente sanguínea, em meu primeiro apartamento com uma televisão que não sintoniza e copos sujos na pia, se me acharem a tempo ainda podem me salvar, mas não vão achar e não quero que achem.
Ela sempre foi a minha primeira lembrança de São Paulo, talvez por ter sido a primeira pessoa que me chamou atenção. Quando cheguei de recife, naquela sexta-feira chuvosa, desci ao aeroporto e lá estava, sentada em um banco na área dos fumantes com seus vários amigos estranhos, nunca me acostumei com aquelas pessoas, nunca. Eu tinha decidido parar de fumar, acho que foi a última vez e a única que tinha colocado essa idéia idiota na minha cabeça, havia duas semanas. Parar de fumar... ora veja, a fumaça faz me sentir vivo há tanto tempo aquele cheiro realmente faz parte de mim, e a forma com a qual ela se dissipa no ar era o meu estado de espírito naquele momento, e foi minha companhia durante as madrugadas em claro. Pois bem, não tardou e lá estava eu, era vergonhosa aquela situação, quase vinte anos na cara, puxando uma mala enorme com uma viola pesada nas costas e mendigando um cigarro, como eu era ridículo, se não piorei, acredito que foi a única coisa que consegui mudar sozinho, mas foi engraçada a forma como eles me olhavam, ela não resistiu e riu. Agradeci, e continue meu caminho para minha nova vida em uma cidade desconhecida com pessoas desconhecidas e ruas que me faziam sentir falta da minha Recife,olhei para trás, ela ainda me olhava, mas preferi continuar andando atrás de um táxi que me levaria para minha nova casa, pois até então não conhecia, mas era mesma onde passaria meus últimos momentos. Assim começo minha nova vida e talvez a última entre tantas outras que vivi.

sábado, 14 de março de 2009

Repetição, insignificante.


Maldito Deja vú.
ultimamente tenho tido todos os dias
junto com a insônia, esta que é responsável por meu péssimo humor, e minha aparência decadente nesses últimos dias, hoje andando pela augusta encontrei Marcela, depois de 5 anos, ambos agora com vinte e cinco, ela se formou, arrumou um trampo legal,cresceu na vida, agora é uma empresária de sucesso, segundo ela. mas em seguida abaixou a cabeça. Falei o mesmo,mas no final soltei um sorriso falso e amarelo, assim como eu , ela parecia não está feliz com os meios conquistados e os caminhos traçados, e se estava, sempre si perguntava, se tinha sido válido passar por cima de tanta gente pra chegar ali. Respondi que sim, pois elas fariam o mesmo para chegar ali, mas ai me perguntou, se era válido se igualar àquelas pessoas, e até hoje não consegui responder essa pergunta, sempre tenho mais de uma resposta. Fato é que preciso dormir, acordei hoje, em um café, sentado ao balcão, com duas xícaras cheias ao meu lado, e nada de marcela.

Essas luzes fortes já não me incomodam mais, quer dizer incomodam sim, e muito, por sinal. Merda, mais uma noite fora de casa, acordei com aquele cheiro insuportável de água sanitária no balcão do café, ás cinco horas da manhã, e uma garçonete sem dente me entregando a conta, não me lembro de ter pedido essas doses de uísque nem duas xícaras de café, me lembrava apenas de Marcela.
De qualquer forma paguei a conta, perguntei há quanto tempo eu estava no balcão, ganhei um fora, mas uma senhora que limpava o chão respondeu com um durante a madrugada, levantei e fui ao banheiro, aparência péssima, a insônia me destruindo pouco a pouco, olhos inchados, cara amassada, terno sujo de vários dias, lavei o rosto, voltei ao balcão, pedi um café, acendi um cigarro, olhei que dia era hoje em calendário velho, lembrei que tinha trabalho, e tinha que estar lá ,as sete para uma maldita reunião com pessoas insuportáveis, só de ouvir eles falando, conto os minutos para ver aquelas bocas fechadas novamente.
E aqui vou eu, de táxi pois perdi a habilitação, cheiro desgraçado de cigarro e bebida barata, só outro porre pra agüentar quatro horas naquela sala, outro porre ,mas ainda é terça feira.
andei pensando no que me tornei, para as pessoas eu cresci, tenho tudo que quero, segundo elas, e sempre sobra grana no fim do mês, isso tudo muito cedo, pois ainda tenho vinte e cinco anos dizem eles, não sei do que me adiantou aprender tanta lei, tantas estórias, tantas noites viradas por causa do trabalho, se isso não me trouxe nada além desse papel verde e um posto alto em uma empresa que todo dia sempre tem um puxa-saco que quer me tirar de lá, eu que sempre tive e defendi minha liberdade quando mais jovem, estou eu aqui sem ela. Daquela época, em recife só me restam esses cigarros, o cheiro e a fumaça me lembra quando andava pelas ruas com meus amigos, não tinha hora para parar, nem para voltar, a graça era essa, hoje estou aqui em uma região que não gosto, pessoas que não gosto , com uma carga-horária desgraçada para ser comprida, horário para entrar e sair, horário pra dormir, horário pra tudo, inferno aqui estou eu e meu cigarro, a fumaça faz me sentir vivo de novo, naquela época eu não falava tantos “ eu “ nem “ meus”.