quarta-feira, 16 de junho de 2010

Madalena


ler ouvindo: o mundo é um moinho- cartola.
Peguei uns atestados e mandei avisar no trabalho que estava doente, uma virose forte que mal podia andar, desliguei o celular e resolvi tirar folga do mundo.
Esses dias em casa, bateu uma vontade de escrever, cansei um pouco de conversar com o nada, com um mundo vazio, com pessoas vazias, enquanto eu pensava em minhas idiotices e falava sobre minha visão torta do mundo, olhava para os rostos rasos e via olhares dispersos sempre olhando para o relógio, tela do computador e nunca para meus olhos, eu sei que muitas vezes não olho nos olhos mas foi um jeito que encontrei para me concentrar nas palavras, sempre tive uma queda por olhares, eles costumam mostrar como a pessoa está se sentindo, mesmo com todos os artifícios que o corpo e a mente criaram para camuflar o que se sente. Enfim, vazio por vazio, prefiro o meu, pelo menos é meu, e existem poucas coisas piores que se tornar um vazio na ausência das outras pessoas. Coloquei água pra ferver, fiz café, liguei a vitrola e coloquei Cartola para tocar e falar suas palavras, tão simples e verdadeiras e ele me falou de seus amores perdidos, incompletos, românticos, amores imperfeitos. Essa semana eu ouvi falar que o verdadeiro amor romântico, é o imperfeito e sinceramente não sei como as pessoas criam tantas definições para sentimentos se temos concepções diferentes para eles, eu acho incrível quando um diretor de cinema consegue passar uma mesma sensação para milhares de pessoas com uma única cena, enquanto outras tentam ao máximo passar um simples desejo para uma única pessoa e não consegue. Entre outros tantos pensamentos que jorram de minha cabeça a partir do momento em que peguei a caneta teve um que me chamou atenção, um sentimento que envolve duas pessoas nunca é o mesmo. As freqüências são distintas, a intensidade é diferente, não sei se isso é bom ou ruim, deve ser bom. Pessoas diferentes, freqüências diferentes, uma oferecendo à outra, passos para que ambas possam seguir juntas a melodia de uma música, como uma dança, todos em um mesmo compasso e se moverem em uma mesma freqüência.
Foram anos tentando entender um sentimento tão simples, um desejo, uma raiva, um doce-amargo que me incomoda até hoje. Depois de tudo, eu não sei se posso usar essa expressão, “depois de tudo”, é como se eu tivesse dado fim a uma coisa que eu criei, ou pelo menos ajudei a criar e diante de tanto sentimento ruim que vejo entre as pessoas, acho que seria um pecado colocar o fim em uma coisa que foi boa para mim, pelo menos a intenção era essa. E quando eu terminei de escrever, pedaços avulsos desse texto, minha Campainha tocou, a música parou e quem eu menos esperava veio me ver.

8 comentários:

  1. vai tomar no cu. Tu e um escritor foda.

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  2. "um sentimento que envolve duas pessoas nunca é o mesmo" isso me assusta. Como saber se as freqüências são compatíveis?

    Você escreve muito, Lilo! *-*

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  3. a gente nunca sabe, nati.
    acontece, envolve e pronto.
    pelo menos eu nunca sei.
    saudade, moça.

    :*

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  4. quanto mais a gente tenta entender, menos a gente consegue alcança.
    o amor é um sentimento que nasceu entre os dois pra ser vivido e não entendido, porque já sendo vivido já é uma loucura pros olhos, imagina tentar entender como seria louco pra mente?

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  5. "Sem o amargo, o doce não seria tão doce"

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  6. Cara, achei seu blog aleatoriamente na internet, li esse seu post e achei incrível a maneira que escreve sobre o que pensa. É realmente difícil compreender o amor, eu mesmo não entendo, aliás, humanos tentam achar a verdade sobre tudo, sendo que nem tudo tem resposta ou respostas que humanos possam descobrir

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  7. Cara, que bom que você curtiu o texto e tal, espero que tenha acrescentado alguma coisa em sua vida, ahh e sobre o lance da verdade sobre tudo, eu acho que isso é uma coisa que não existe, e sobre humanos descobrirem respostas, é outra coisa qeu eu não entendo como evoluímos tanto em certos aspectos e por outro lado não conseguimos entender coisas tão simples. abraço

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